Gota a gota

1. Bom título, ficou bem criativo!

por Hanna Carvalho


Em apenas dois dias, personalidades renomadas de diferentes meios se reuniram no SESC Rio do Flamengo para discutir o tema que já ocupa mentes prevenidas de todo o mundo: o futuro das águas.

Com este título, o seminário, que ocorreu nos dias 23 e 24 de março, atraiu um público bem diversificado, mas que tinha em comum a preocupação com a possível escassez de água potável dos próximos anos.

2. Ao invés de “com este”, use “com esse”, pois está se referindo a um elemento já citado (“este” é catafórico e “esse” é anafórico).

3. Por que separar esses dois parágrafos? Talvez fosse melhor que eles estivessem juntos formando um parágrafo lead.

4. Seria interessante, nesse parágrafo inicial, ao invés de ficar somente no fato de que eles discutiram o futuro das águas, já dizer alguma coisa sobre a discussão em si, o ponto mais importante dela, que chame o leitor e que seja a causa da sua matéria merecer ser lida.

O espaço amplo, a boa organização e o famoso buffet do SESC, proporcionaram um clima agradável para os participantes do evento. Com a esperança de sensibilizar mais e mais pessoas pelo uso sustentável das águas, foram convidados escritores, engenheiros, críticos e especialistas em diversas áreas, a fim de debater o assunto durante as três mesas divididas entre segunda e terça-feira.

5. Será que o buffet e o clima agradável são tão importantes para ocupar esse espaço da sua matéria? Talvez eles devessem vir mais para o final, lembre-se da pirâmide invertida.

Para iniciar, o debutado federal do Rio de Janeiro, Fernando Gabeira: “a questão econômica começará a aparecer”, prevê, referindo-se aos custos que o tratamento das águas trará para os países em breve.

6. Só agora você começa a tratar do que foi efetivamente discutido, demorou muito.

Poemas, gráficos, pinturas e dados foram expostos pelos palestrantes, demonstrando os mais variados ângulos em que a água pode ser enquadrada - ou diluída. A transposição do rio São Francisco foi uma questão muito abordada, tanto para os que a defendem tanto para os que vão contra a esse projeto. Outros rios, no entanto, são pouco conhecidos, como o rio Carioca, que poucos cariocas sabem por onde passa. A falta de informação e interesse da população mundial também foi criticada, já que hoje a poluição doméstica é principal responsável pelos impactos nas águas.

7. Você trabalhou a abordagem do Rio São Francisco sem falar do que efetivamente foi dito. Procure não deixar brechas para a curiosidade do leitor.

8. Erro de regência: “vão contra esse projeto” ao invés de “vão contra a esse projeto”.

Um maior foco no Brasil trouxe consciência sobre a grandeza do país, que possui uma das mais ricas fauna e flora, com oito biomas, uma das mais densas redes hidrográficas, com rios perenes, entre outros pontos positivos. Fica a pergunta: porque temos problemas com a água então? Paulo Canedo, consultor do BIRD, responde que, junto à seca, falta planejamento urbano para ocupação e uso dos recursos hídricos.

9. “com oito biomas E uma das mais densas...”, ao invés de “com oito biomas, uma das mais densas...”


Saindo um pouco do contexto brasileiro, temos os números que comprovam a concentração dos problemas da água na Europa, Ásia e África: 55% da H2O e 86% da população se encontram nesses continentes. Tais estatísticas levam a crer que, futuramente, se não houver racionalização do uso das reservas hídricas, a água terá um alto valor no mercado, além de uma criar uma ridícula disputa aquática.

10. Esses últimos dois parágrafos é que tratam mais da discussão em si, não deveriam estar no final.

11. O adjetivo “ridícula” faz você sair da impessoalidade. Se esse for o objetivo, tudo bem.


Assim, fica claro que a responsabilidade para que haja manutenção da vida no planeta é de todos nós, precisamos dar valor a cada gota que é utilizada. Ações firmes e medidas concretas serão capazes de garantir a preservação desse recurso essencial à sobrevivência. “Devemos abrir mão de certos confortos”, declara Henrique Lins de Barros, físico e curador da exposição H2O – O Futuro das Águas, de mesmo nome do seminário e também no SESC Rio do Flamengo.

12. É desnecessária a parte do “de mesmo nome do seminário”, já está óbvio. Lembre que quanto menos palavras, melhor.

13. “Assim, fica claro que a responsabilidade...”: essa é uma opinião sua. Tudo bem se você estiver escrevendo em um estilo menos padrão, mas do contrário não deveria aparecer assim. Que tal algo do tipo “segundo os palestrantes, a responsabilidade...”?


Por fim, fica a lição de Ferreira Gullar, que segundo Heloisa Buarque de Hollanda, é o maior poeta brasileiro (vivo): “Agora, falando da prática, eu fecho a torneira quando escovo os dentes”.

14. Ficou um pouco confuso: a Heloisa também estava lá ou essa foi apenas uma citação sua?

15. Hanna, você tem um português muito bom, não há problemas gramaticais no texto. Basta somente aprimorar um pouco a técnica. Não se preocupe, sair dos estilos dissertativos do colégio para o texto jornalístico demanda trabalho. No entanto, você já mostrou que está aprendendo: o lead que você fez no começo, mesmo separado, é uma prova disso. Agora, basta se concentrar na questão da ordem das informações em grau de importância.

16. Talvez fosse uma boa ideia inserir algumas falas da entrevista que você fez no texto: trará mais vida.

Nenhum comentário: