por Helena Santos

O Seminário Internacional sobre mídia e violência, que aconteceu nos dias 26 e 27 deste mês, encerrou suas atividades com dois workshops, um sobre Blogs e outro sobre segurança na cobertura da violência. É claro que o EcoNotícias não podia deixar essa passar, fomos lá conferir.


1. Foi uma escolha sua sair do estilo de jornalismo padrão, certo?

2. Entendi sua proposta de fazer uma chamada. No entanto, Esse parágrafo ficaria ainda melhor para iniciar a matéria, não? Seria como uma espécie de lead dentro da sua linguagem mais livre.


Workshop sobre Segurança na cobertura da violência (BRA/EUA - Ana Arana e Steven Salisbury):


3. A manchete não está muito cativante. Pense em algo que seria o foco, o ponto forte da sua matéria.


Quem abriu a palestra foi Ana Arana, que perguntou quem gostaria de representar um grupo de jornal ou televisão. Faremos isso para por em prática a teoria - foi o que ela disse. Contudo, o workshop acabou virando uma conversa cheia de conselhos e relatos pessoais dos palestrantes e de membros da platéia.


4. Não ficou claro esse jogo de representar jornal e televisão, não deu pra entender qual foi a proposta dela.

5. Poderia dizer alguma coisa sobre quem é Ana Arana, que tal?


Steven contou a história dos irmãos matadores de aluguel que foi entrevistar. Numa sessão de fotos, um dos jovens propôs a foto da bala saindo do cano do revolver em direção à cabeça do jornalista. Este mesmo rapaz deu ao irmão a idéia de matarem Steven e ficarem com a câmera, plano este que o irmão não aprovou. “Vamos deixá-lo viver, porque assim ele contará nossa história e ganharemos mais trabalhos.”


6. A mesma coisa: quem é Steven?


Ana contou uma história ocorrida em São Fidelis, onde foi perseguida por estranhos após fazer uma matéria sobre um crime. “Por isso é importante saber bastante sobre o lugar para onde vamos. Se eu soubesse que a cidade era tão perigosa, não teria ido. Existem coisas que não valem a pena fazer”


7. Faltou o ponto final no fim do parágrafo.

8. Esses dois exemplos de casos enriqueceram muito o texto, foi uma ótima ideia tê-los relatado. Talvez - talvez -, esse poderia ser o foco da sua matéria, para o título.


Apesar de tanto Ana quanto Steve serem muito agradáveis ao público com suas dicas e narrações, infelizmente, ao fim do programa, metade do público já tinha saído. Horários apertados? Não, a culpa não foi somente dos professores, que não nos liberaram para participar do evento. O problema estava na própria audiência. Dois jovens jornalistas pareciam muito empolgados em contar suas aventuras pela favela para os presentes, mas o que era para ser uma troca de experiências se tornou repetitivo e irritante.

Muitos que estavam participando desistiam do programa quando um dos dois pegava o microfone. E esta irritação não atingiu só o público, Arana mostrava claramente sinais de desaprovação aos dois, seja por respostas do tipo “Está certo, mas vamos manter o foco da conversa, porque isso não tem muito a ver com o que estamos falando” ou com caras e bocas que fazia ao ouvi-los. A situação chegou ao ponto de Ana tentar tirar o microfone de um deles, o que pareceu agradar boa parte do auditório. Outro problema foi nos aparelhos de tradução, que seguidamente falhavam, produzindo um chiado forte atrapalhando a discussão.


9. Senti falta de um ponto depois de "não atingiu só o público". O que você acha?

10. Ao falar do caso dos dois jornalistas, você encontrou um bom ponto de conflito para o texto. O fato de ela ter tentado tirar o microfone deles, por exemplo, poderia ter sido um pouquinho mais explorado.

11. Os aparelhos de tradução foram outro ponto muito bom de conflito. Lembre: problemas deles são a nossa solução! Poderia ter procurado alguém para falar sobre a falha.


Entretanto, deixando de lado os pontos fracos, o programa foi dinâmico e interessante. A idéia, segundo os palestrantes, era mostrar o que fazer ou não quando se cobre uma situação violenta. Por isso, usando os importantes conselhos dados no workshop, nós montamos um pequeno manual do futuro jornalista, uma espécie de bíblia para aqueles que acabam de entrar no ramo e se interessam por matérias e outros tipos de trabalho sobre violência.


12. "Nós" quem?

13. Poderia ter falado com alguém que assistiu para dar a opinião sobre o Workshop.




Os dez mandamentos do jornalista:
1. Se o seu trabalho é fazer perguntas difíceis, saiba pontuá-las. Procure passar confiança ao entrevistado.
2. Saiba primeiros socorros, nunca se sabe quando vai precisar.
3. Mantenha sempre o seu editor informado de onde você está e o que está fazendo.
4. Antes de tudo, procure informações sobre quem vai entrevistar. E durante a entrevista, avalie as expressões, a forma de falar, o olhar. Esses pequenos detalhes podem denunciar características do caráter da pessoa.
5. Procure saber sobre o lugar para onde vai, suas regras e história.
6. Cuidado com sua roupa! Cores e outros detalhes bobos podem acabar te “traindo”. Além disso, camuflagem e armas são coisas para o exército, não use nem deixe ninguém do seu grupo usar.
7. Saiba pelo menos duas formas de acesso ao local que vai ficar para não sair pelo mesmo lugar por onde entrou.
8. Ao terminar uma reportagem, não ligue imediatamente para alguém ou vão pensar que você está denunciando algo para a polícia.
9. Se você mora perto ou conhece alguém da área, não pegue a matéria. Não mostre relações com o lugar.
10. Se não se sentir bem por estar ali ou não parecer seguro, saia. Saiba ouvir seu corpo e sua intuição.



Pecados capitais:
Atração fatal –
Não se envolva emocionalmente com suas fontes, nem mesmo em nível de amizade. Isso não só afeta o teu discurso, como pode te causar problemas futuros. Até um simples sorriso numa foto em grupo pode levar o adversário a crer que você está favorecendo o outro.
Vaidade – Essa é para as mulheres. Se arrumar muito, usar maquiagem, tentar seduzir alguém para ter o que quer podem não ser táticas inteligentes quando se trabalha com violência. Lembrem dos perigos que vocês podem sofrer como mulheres. Por isso, nunca andem sozinhas, tenham sempre um homem acompanhando-as e cubram bastante o corpo, de preferência vistam-se como um homem.
O fortão – Para os garotos, quando em situação de risco, bancar uma de fortão não é bom. Quanto mais forte você parece, mas forte eles vão te bater. O melhor é tentar resolver os problemas com calma e diplomacia.
Ambição – Muitos jornalistas, em geral os mais jovens, ficam aficionados por conseguir um furo, achando sempre que esta será a matéria da vida deles. Cuidado quando for ver o que realmente está acontecendo. Se forem investigar, mantenham-se em um ponto seguro. O grande erro da maioria é a falta de logística, saiba avaliar se vale a pena, pode acontecer de você se arriscar e acabar escrevendo muito pouco.
Excesso de confiança – Não pensem que só porque são da mídia serão preservados. Um grande erro é achar que “o outro lado” entende o que você está fazendo. Por mais que só esteja querendo fazer seu trabalho, não esqueça que pode estar atrapalhando o trabalho de alguém.
Parecer algo que não é – Às vezes vale mais a pena afirmar que é jornalista do que fingir não ser, pois se for descoberto será pior. E não finja saber algo que em verdade não entende. Mais vale fingir que não sabe do que parecer saber demais.
Sabe-tudo – Não pense que já aprendeu tudo o que tinha para aprender. Cole em quem já tem mais experiência, você vai aprender muito só de observar o trabalho de quem já está na área há mais tempo.

14. A ideia de colocar os Pecados Capitais e os Dez Mandamentos foi sensacional! Eles entrariam muito bem como um box da matéria! O leitor se diverte e se interessa. Talvez (vê como há vários?) esse fosse o ponto forte ideal da sua matéria para já estar no primeiro parágrafo (é importante fazer desde logo o leitor querer ler) e na manchete.

15. Helena, mais uma vez, parabéns pelo seu texto. Ele é gostoso de ler.

16. Não postei aqui a entrevista porque fica muita coisa, conversamos sobre ela melhor na reunião. Sei que às vezes é tentador, tendo tantas informações, querer publicar tudo. Mas acredite que o mais importante de tudo é saber selecionar, cortar e editar! Que tal colocar algumas falas da entrevista dentro do texto?

18. Parabéns pelo espírito jornalístico. Você foi atrás da informação e conseguiu. Assistiu a palestra, ficou ligada nos pequenos detalhes, entrevistou os caras... Muito bem! Continue assim!

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