Um sonho, e o resto

Por Caio Teixeira Soares



“Quando finalizei esse curta, meu maior sonho era que ele passasse no Odeon.” A frase dita por André Lavaquial, diretor de “O Som e o Resto”, parece sintetizar sua surpresa em relação ao sucesso e rotatividade de seu trabalho. Em debate realizado no auditório do CPM (Centro de Produção Multimídia) do Campus da Praia Vermelha, André comentou sobre o seu curta, que fora exibido anteriormente, e sua repercussão.

1. Usar aspas num lide é uma saída fácil que nem sempre dá certo. Dessa vez deu, mas tome cuidado.

2. Quando o filme dele passou no Odeon? Exibido anteriormente onde? No Odeon ou nA CPM (Central de Produção Multimídia)?

3. Primeiro nome, depois sigla: Central de Produção Multimídia (CPM). Primeiro você precisar saber o que é e depois dizer como vai chamar ao longo do texto para não ocupar espaço.

“O som e o resto” conta a história de Jahir (interpretado por Jair Soares), um virtuoso baterista de uma banda evangélica, que, após brigar com o pastor de sua igreja, começa uma caminhada, física e espiritual, refletindo sobre sua vida e sua relação com a música.

O filme foi o trabalho de formatura de Lavaquial na Escola de Cinema Darcy Ribeiro, e é uma mistura de ficção e documentário, já que mostra a história de um baterista ( Jair Soares também é baterista e toca na Lapa) e se passa na Favela do Amarelinho, localizada no Complexo de Acari, onde também mora.

4. Eu terminaria a frase em “documentário”. O “já que” ficou um pouco forçado e acabou por não ter muito sentido. Cadê a parte ficção? Você só explicou a parte documentário. Evite usar parênteses.

O filme explora uma rítmica única, com a relação entre o som e o silêncio norteando o enredo. Nos momentos de tensão, o som não existe, criando uma sensação de estranheza, mas que se encaixa perfeitamente no contexto do filme. Segundo Lavaquial, “o plano sem som entrou sem querer, e acabou sendo um achado”. De acordo com o diretor, a principal mensagem do curta é como a arte pode modificar o espaço em que vivemos, como uma motivação individual, através do som, pode alterar e se refletir no resto, em nossa sociedade.

5. Sempre escolha as palavras fáceis. Por que rítmica e não ritmo?

6. Através ou por meio de? Tome cuidado com isso! Através é quando atravessa.

Grande parte da repercussão do filme, além de sua boa direção e enredo, deve ser creditada à Jair Soares, protagonista do curta. Jair, que não é ator (foi encontrado por André Lavaquial nas gravações de “Urbano Xangô”, próximo trabalho do diretor), transborda emoção, proporcionando momentos de transe musical, como na cena final, onde realiza um maravilhoso solo de bateria, fazendo uma ode à música.

7. Cuidado com a crase! Crase = a (preposição) + a (artigo definido feminino)

8. Precisa dizer que é maravilhoso? Precisa fazer o juízo de valor? Tome cuidado com adjetivos. Corte todos que puder. Quando tiver que usar, tente colocar depois do substantivo porque é menos opinativo.

O filme foi distribuído em diversos festivais, incluindo o Clermont-Ferrand, um dos maiores festivais de curtas do mundo, além de diversos outros localizados em cidades européias e sul-americanas. Mas a grande surpresa do diretor foi a seleção para a mostra CineFoundation do Festival Internacional de Cannes, que funciona como uma espécie de “peneira” para a próxima geração de cineastas de todo o mundo.

Lavaquial sabia que seu filme dificilmente iria ser selecionado para Cannes, já que não era compatível com os pré-requisitos do festival - a mostra CineFoundation seleciona curtas inéditos de até 15 minutos. O “Som e o Resto” possui 23 e já tinha sido selecionado para outros festivais. Mas, um telefonema mudou isso tudo. “Estava em casa, quando o telefone tocou. Era o curador da mostra, falando que, apesar de meu curta não cumprir os critérios de seleção, uma exceção iria ser aberta, e o curta seria exibido”.

Apesar do sucesso, André Lavaquial não cultiva esperanças de lucrar com seu trabalho. “É muito difícil conseguir algum lucro financeiro, já que meu filme é uma produção independente, e, infelizmente, passou muito pouco, especialmente aqui no Rio. Acho que o melhor ganho que posso ter com esse filme é que ele passe em cada vez mais lugares”, diz o diretor.

9. Lucro financeiro? Mesmo que ele tenha dito isso, é muito estranho.

Para Lavaquial, o sonho já virou mais do que realidade.

10. Ordem de importância: o sonho virou realidade, o que e onde aconteceu, sinopse, a grande sacada do filme, festivais, escolhido para Cannes mesmo não cumprindo pré-requisitos, retorno do filme para o autor. Será que Cannes não merecia mais destaque?

11. Menino! Que tara por vírgulas! Procure frase curtas. A quantidade de vírgulas é quantidade de respiradas. Se tiver muito, fica cansativo e quebra o fluxo de pensamento.

12. Ficou bem legal o texto. Fiquei com vontade de ver o filme. Tem alguns problemas, como tudo no mundo tem, mas ficou bem conciso e com bastante informação.

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